Outubro está chegando e, com ele, o Outubro Rosa - meu décimo após o diagnóstico de câncer de mama em 2013.
Confesso que tenho preguiça, que acho chato, mais do mesmo. É importante refletirmos sobre o impacto dessas campanhas de conscientização e, embora o Outubro Rosa tenha seu valor, é evidente que muitas vezes ele aborde temas recorrentes e superficiais.
É importante ouvir médicos falarem sobre cura, diagnóstico precoce e mamografia, mas acredito que seja o momento de ampliar a discussão para envolver também outros profissionais de saúde.
Devemos abordar a jornada do paciente, destacar histórias de pacientes reais que enfrentam desafios, como aqueles que escancaram o abismo socioeconômico que divide o país: mulheres que aguardam mais de 6 meses por uma biópsia ou uma cirurgia, a inequidade de acesso a exames genéticos e rastreamento individualizado para famílias que mais precisam.
Também seria interessante que o Outubro Rosa tratasse de outras questões: como é a realidade de voltar ao trabalho após o diagnóstico de câncer?
Quais são os direitos dos pacientes e suas redes de apoio? Qual a importância da fisioterapia na reabilitação das mulheres?
Como o exercício físico supervisionado pode diminuir as chances de recidiva e doença metastática?
A voz das pacientes em tratamentos paliativos merece ser ouvida, bem como a discussão sobre qualidade de vida.
A realidade é que há previsões alarmantes, com possivelmente mais de 5 milhões de pessoas vivendo com câncer metastático no mundo.
Surpreendentemente, mais de 80% desses pacientes enfrentam fadiga diária, enquanto mais de 50% sofrem de dores e distúrbios de sono. Vamos falar sobre isso ou só vestir camiseta rosa?
Aos gestores, lanço a proposta de focarmos em projetos transformadores, iniciativas que conectem e impactem vidas durante o Outubro Rosa e todo o restante do ano. Esse é Outubro Rosa que eu gostaria de ver nessa festa, e você?