Espero que este texto te encontre bem dentro das possibilidades. Hoje eu vim falar sobre como foi a minha experiência com a touca gelada, também conhecida como touca inglesa ou crioterapia. Sabe, é duro para uma mulher sentir que ela vai perder todos os seus atributos de “beleza” ao longo do tratamento. A queda do cabelo, das sobrancelhas e cílios e mais tarde uma mastectomia que vem cortar o mal pela raiz. É pesado, às vezes insuportável. A gente faz de tudo para levar com leveza e abraçar as mudanças que chegam sem nos pedir licença. Na esperança de continuar tendo um pingo de familiaridade com nós mesmas nos agarramos ao que nos é conhecido, custe o que custar! Foi com essa intenção que uma determinada empresa desenvolveu o processo de resfriamento dos fios evitando que o medicamento quimioterápico chegue aos bulbos capilares. Confesso que vendo a linda repórter @cristinaranzolin me animei com a possibilidade de me manter minimamente reconhecível. Mas a minha experiência foi bem diferente da dela! Foi traumática. Eu comecei animada, aberta às novidades e achando graça desse mundo desconhecido. Tudo começou com duas queridas enfermeiras molhando os fios por completo. Até aí, foi mais ou menos como estar num salão! Eu até sorri. Depois veio a touca que resfria o cérebro, digo, o couro cabeludo! Assim que elas me plugaram a máquina eu berrei! "É isso mesmo, gente?! Não vou aguentar 10 minutos!" Elas tentaram me animar e disseram que a cabeça logo ficaria anestesiada. De fato, aconteceu e assim se passaram 5 intermináveis horas. Enrolada em 3 cobertores, colete de neve, bolsa de água quente e echarpe de lã, eu tremia de frio! Meus músculos tensionaram mais que relações entre russos e ucranianos. Mal percebi os efeitos da quimioterapia enquanto tentava controlar os espasmos musculares. Tentei meditação, thetahealing, sons da natureza, mas não conseguia desgrudar os olhos do contador do tempo enquanto a temperatura me mantinha numa espécie de transe mental sombrio.
Finalmente, uma espécie de cabresto da touca foi desatado e eu senti um imenso alívio. Sobrevivi, pensei, enquanto tentava destravava o pescoço mais cristalizado que bala de açúcar.
Depois desta experiência, ficou bem claro que não quero ter de lidar com mais essa dor nesse processo já tão desgastante. Que venha a careca!
Quem mais aí passou pela crioterapia?
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MAS AFINAL, É SÓ CABELO?
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