Olá, meu nome é Melina, atualmente tenho 37 anos e descobri um câncer de mama aos 35, seis meses após o nascimento da minha filha, Maria Eduarda.
Eu sou médica, ginecologista e obstetra e me auto-diagnostiquei com o Câncer. Notei um nódulo em minha mama durante a amamentação. No início achei que fosse leite empedrado, mas depois percebi que o nódulo não se desfazia com massagem, então, fiz um ultrassom e uma biópsia que confirmou o Câncer de Mama - um triplo negativo extremamente agressivo. Nessas horas, não sei se ser médica, mais ajuda ou atrapalha, pois eu sabia o que teria que encarar a partir daquele momento, mas agora sob uma nova perspectiva, a de paciente. Foi tudo muito rápido e intenso.
Tive apenas dois dias para desmamar minha bebê, tentar secar o leite e fazer os exames de estadiamento. Comecei a primeira quimioterapia 7 dias após o diagnóstico. Por conta do tipo de tumor, recebi o pacote completo: Foram 15 sessões de quimio (a programação seria fazer 16 sessões, mas a última precisou ser suspensa porque o tumor que tinha diminuido, voltou a crescer), fiz a mastectomia (retirada da mama), 25 sessões de radioterapia, 6 meses de quimioterapia via oral e por fim a reconstrução da mama. Sempre encarei o tratamento com muito otimismo e positividade. Eu já era uma pessoa positiva e, acho que me manter assim, foi fundamental para passar por todo o processo com mais leveza.
Claro que tive momentos de medo, angústia e fraqueza, sobretudo quando pensava que poderia morrer e deixar minha bebê tão pequena. Mas ao mesmo tempo, ela foi a minha força para lutar. Ficar longe dela foi a parte mais difícil do tratamento. Felizmente recebi muito apoio do meu marido e da minha família. A minha fé em Deus e em seus propósitos me deixou com o coração tranquilo. Eu aprendi que não adianta sofrer por algo que não posso controlar, então, me propus a aceitar com gratidão e até com bom humor, os desafios que a vida me trouxe. Sem querer parecer clichê, mas o fato é que a doença veio para dar um "restart" no modo em que eu estava vivendo. Sempre correndo, trabalhando de forma insana, sem tempo para apreciar os pequenos prazeres e momentos da nossa existência.
O câncer me deixou algumas sequelas, mas são marcas muito pequenas diante de tudo o que passei. As pessoas me perguntam se não tenho medo do Câncer voltar. Sinceramente? Eu nem penso nisso. Nunca perdi uma noite de sono por esse motivo. Se ele voltar, eu já conheço as armas para lutar contra ele. Agora, me proponho a ajudar outras mulheres a encarar a doença com otimismo. Somos muito mais fortes do que pensamos e ter uma rede de apoio ajuda muito. Você não precisa passar por isso sozinha!
O câncer é uma doença como outra qualquer e não há motivo para se envergonhar! Estou aqui para escutar você. Conte comigo, estamos juntas nessa luta!