Na filosofia estoica, o medo é compreendido como uma emoção que emerge quando nos preocupamos com situações além do nosso controle. Essa sensação pode nos ensinar a distinguir entre o que podemos e o que não podemos controlar.
Os estoicos acreditavam na importância de concentrar nossos esforços e preocupações apenas naquilo que está ao nosso alcance, enquanto aceitamos com serenidade o que não podemos alterar. Isso sugere que o medo pode nos guiar na busca pela serenidade interior e pela virtude, mesmo que seja um grande desafio.
Como médica e paciente oncológica, vejo o medo como uma emoção natural. Ele pode ser paralisante para alguns e deve ser acolhido por todos.
O medo e a ansiedade são respostas adaptativas a ameaças iminentes ou futuras. No entanto, essa mesma reação defensiva, que é crucial para a sobrevivência, também está ligada a condições clínicas frequentes como ansiedade, transtorno de estresse pós-traumático (TEPT) e transtorno obsessivo-compulsivo.
Nestes casos, a reação é frequentemente mais prolongada e desproporcional à ameaça real, levando a sentimentos crônicos de apreensão e comportamentos de evitação que afetam o dia a dia.
O medo raramente diminui através da comunicação. No contexto oncológico, por exemplo, quando compreendo que um procedimento, exame ou medicação são importantes para minha saúde, o medo perde sua capacidade paralisante mas não deixa de existir.
Já tomei essa injeção mais de 60 vezes, e todas as vezes que vou aplicá-la, eu tenho medo. O que será que esse medo me diz? Essa pauta fica pra terapia. Agora ele já foi embora e provavelmente nos vemos novamente no próximo mês.
E você, do que tem medo?