Oi gente 👋🏻
Me chamo Roberta Perez, nasci em Santos mas moro em São Paulo, tenho 34 anos e sou uma Fisioterapeuta especializada na área Cardiorrespiratória.
Em 2016 vivia uma vida bem workaholic completamente focada na minha carreira, estava há quatro anos sem ir ao Ginecologista porque achava que não tinha tempo, e pensava que fazer o autoconhecimento das mamas era o suficiente para detectar qualquer alteração logo no início. Mas não foi bem assim que aconteceu comigo.
Aos 27 anos e sem nenhum histórico familiar, palpei uma nódulo que parecia pequeno, e logo procurei um mastologista. Curioso como nessas horas a gente sempre arranja um tempo né?! Descobri um câncer de mama de um tipo raro, um medular invasivo com mais de três centímetros, com resposta hormonal positiva, apesar de baixa.
Eu tive medo de morrer, eu confesso. As experiências que tive na minha vida profissional e com parentes distantes foram de desfechos ruins, reforçadas por incontáveis cenas dramáticas de filmes e novelas que assisti ao longo da vida. Então me desesperei nos primeiros minutos, pensando em quanta vida eu tinha deixado de viver em função do trabalho, pensando em todos os meus desejos e sonhos que tinha adiado.
Afinal, pensar na morte nos leva a repensar a vida.
Depois que meu choro cessou e que precisei acolher todos aqueles a quem eu dei a notícia, segui repetindo que estava viva e viveria até o fim. Ali decidi a forma como eu iria enfrentar tudo o que viria.
Houveram muitos momentos de insegurança e sofrimento, não vou negar. Estava prestes a completar o primeiro ano de casada com o Digão, meu parceiro desde 2009, e se ele não reconhecesse seu amor por mim careca, sem mamas?
Eu mesma não me reconheci em vários momentos, sem sobrancelhas, afastada do trabalho que eu dediquei uma vida.
Mas eu tinha escolhido viver além das dores e desafios, então dei um novo significado a minha vida.
Comecei a correr na quinta quimioterapia, mudei minha alimentação, transformei meus hábitos, comecei a fazer terapia. Com todas as dificuldades que existe na mudança de hábitos, eu persisti e ironicamente foi durante o tratamento de câncer que me tornei mais saudável.
Tive algumas complicações de cicatrização pós mastectomia, perdi um ovário e uma trompa, e isso somado ao início do Tamoxifeno e a sensação de não saber por onde começar a viver depois do tratamento, foi necessário iniciar um tratamento para depressão.
A vida pós grande pode ser bem complexa, e precisei me conhecer, me cuidar, me tratar e estudar bastante pra entender qual caminho seguir. Apesar de ser uma experiência difícil, eu ganhei um propósito de vida com a causa do câncer, e decidi dedicar a minha vida a procurar soluções para amenizar os desafios da vida dos sobreviventes. Por isso criei o Portal Vai por mim e hoje trabalho com acolhimento e Educação em Saúde, em empresas e na Internet.
A vida ainda é tão surpreendente que seis anos depois do final do tratamento, contra todas as opiniões médicas e sem nenhum planejamento, fui presenteada com a Helena, a bebê esperança que me incentivou ainda mais a seguir em frente e mostrar o quanto de vida que existe depois de um diagnóstico.
Meio objetivo é fazer com que ninguém se sinta sozinha e perdida como me senti em 2016, por isso contem comigo sempre que precisarem.