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Chemobrain, névoa cerebral ou disfunção cognitiva

Chemobrain, névoa cerebral ou disfunção cognitiva
Paula S Toledo
fev. 10 - 2 min de leitura
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"Cadê a chave?”

“Por favor, me lembre disso.”

“Ai, me desculpe, esqueci.”

“Hum… a palavra fugiu.“ 

“Você não me contou essa historia, não”

É normal em uma consulta oncológica sermos interrogadas sobre vários sintomas durante e após o tratamento, mas pouco falamos sobre as alterações cognitivas relacionadas ao tratamento oncológico, sobre o quanto impactam nossa qualidade de vida.  

Mas, afinal, o que é  “chemobrain”, névoa cerebral ou disfunção cognitiva associada ao tratamento oncológico?

A quimioterapia, apesar de fundamental para muitos tipos de câncer, não afeta apenas as células doentes do nosso corpo e, infelizmente, o dano celular também pode afetar as células saudáveis do nosso cérebro, causando alterações cognitivas variadas, dentre elas as mais conhecidas são:

  • Dificuldade de atenção, aprendizado e concentração 
  • Perda da fluência verbal e redução da velocidade de pensamento 
  • Perda da memória recente. 

Estima-se que aproximadamente 75% dos pacientes em quimioterapia apresentem algum grau de disfunção cognitiva associada ao tratamento. Além das alterações causadas pelo dano celular neurológico direto, os fatores associados extremamente frequentes nestes pacientes podem piorar a disfunção, dentre eles temos:

  • Ansiedade e depressão 
  • Distúrbios do sono 
  • Uso de outras medicações e álcool
  • Doenças preexistentes
  • Alterações hormonais como as que acontecem na menopausa

Então, como podemos prevenir, minimizar ou até mesmo auxiliar na recuperação precoce da nossa função cognitiva?

O cuidado multidisciplinar é fundamental:

    • Atividade física
    • Psicoterapia
    • Alimentação e hidratação adequada
    • Práticas integrativas como acupuntura, yoga e mindfulness 
    • Reabilitação cognitiva com suporte de terapeutas ocupacionais e neuropsicólogos
    • Em alguns pacientes, poderá ser necessário o uso de algumas medicações. Converse com a equipe que cuida de você.

Dicas pessoais:

  • Anote tudo na sua agenda e a mantenha sempre ao seu alcance
  • Faça uma coisa de cada vez 
  • Não se cobre tanto, tenha paciência com você 
  • Tente manter uma rotina 
  • Descanse quando sentir-se cansada 
  • Respire fundo: em grande parte dos pacientes a alteração cognitiva é temporária e tende a melhorar 


Ainda temos muito a evoluir nessa área, apesar deste efeito adverso atingir um enorme número de pacientes, pouco falamos sobre o assunto. Avaliar a função cognitiva antes e depois do tratamento seria uma forma de mensurar este dano, mas, infelizmente, isso não é realizado na prática clínica. Programas de reabilitação cognitiva para pacientes oncológicos poderiam auxiliar também, no entanto, até onde eu saiba, eles ainda não existem. Enfim, ainda há um longo percurso na busca da melhor qualidade de vida dos pacientes oncológicos. Se informar, sem dúvida, te ajudará demais!


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