O autoamor é um exercício. Naturalmente, pelo próprio tempo, passamos por reconfigurações com novos traços e algumas marcas. O corpo muda, o rosto ganha pequenas fendas e a história de vida vai ganhando anos. Tudo isso somado ao processo de um tratamento de saúde como o câncer nos exige ainda mais. Assim, o autoamor está nas entrelinhas da vida nos convidando a um espelho interno, daqueles grandes e pomposos, em que nos vemos por completo para além das roupas, cabelo ou medidas. Aquele espelho que reflete o que eu posso ver de verdade, sem amarras, sem pressão, sem cobranças, sem padrões. Aquele que reflete sutilezas e poesia. Aquele que reflete os versos que meu corpo costurou nos tecidos da vida e ainda poderá costurar, independente da idade ou da aparência. O autoamor não é positividade tóxica, é construção árdua, diária e particular. É um tempo outro que nos permite momentos de silêncio e recusa, mas que promove uma grande festa quando vê que a vida ultrapassa qualquer necessidade de aceitação do outro. O autoamor é conversa particular, é um sussurro cheio de carinho e zelo por nós mesmas. E vc? Tem ouvido esses sussurros?
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Autoamor
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